Rússia fará o possível para promover paz no Afeganistão, diz Lavrov
09/11/2018 09:37 em Internacional

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, disse nesta sexta-feira que seu país está comprometido a "fazer o possível" junto com outras nações para ajudar o Afeganistão a "abrir um novo capítulo em sua história", ao tentar lançar o diálogo direto entre as autoridades afegãs e o movimento talibã.

"Simpatizamos profundamente com o povo afegão. Estamos comprometidos a fazer o possível conjuntamente para ajudar o Afeganistão a iniciar um novo capítulo em sua história", disse o chefe da diplomacia russa ao abrir a segunda rodada de consultas internacionais sobre o Afeganistão.

Nelas participam cinco representantes do escritório político dos talibãs em Doha (Catar) e integrantes do Alto Conselho para a Paz (HPC, na sigla em inglês) do Afeganistão.

"Este formato é focado na busca conjunta de maneiras de estabelecer um diálogo inclusivo no Afeganistão, a fim de promover o processo de reconciliação nacional e a pronta recuperação na sofrida terra afegã", afirmou Lavrov.

O ministro russo deu boas-vindas à participação nas consultas tanto do HPC como dos cinco integrantes do movimento talibã, uma vez que isto cria as premissas para o início de um diálogo direto com Cabul.

"Sua participação no evento de hoje é uma grande contribuição para a criação de condições favoráveis para o início de negociações diretas entre o governo, o movimento talibã e representantes dos amplos círculos políticos e sociais", disse Lavrov.

O governo afegão decidiu não enviar uma delegação a Moscou e enfatizou que os membros do HPC não representam o Poder Executivo do país, mas seus integrantes foram indicados por Cabul para lhe representar em possíveis negociações de paz com os talibãs após 17 anos de conflito.

Nas conversas desta sexta-feira não são esperados grandes avanços, mas o fato de que ambas as partes tenham comparecido a Moscou para dialogar já representa um progresso.

Assim, Lavrov acredita que as consultas, que acontecem a portas fechadas e sem que esteja prevista a assinatura de documento final, sejam "construtivas" e respondam aos anseios do povo afegão.

O ministro russo disse que quer ver um Afeganistão "unido e indivisível" no qual "todos os grupos étnicos do país vivam juntos de forma pacífica e sejam felizes".

Por isso, Lavrov advertiu contra os "jogos geopolíticos" no Afeganistão entre os atores externos que, segundo ele, podem gerar "consequências muito graves" tanto para os próprios afegãos como para os países vizinhos.

O ministro russo se mostrou convencido de que os outros países participantes da conferência compartilham dessa mesma reflexão.

Além dos integrantes do escritório político do movimento talibã, do HPC e da própria Rússia, a reunião em Moscou conta com a participação de representantes de China, Índia, Irã, Cazaquistão, Quirguistão, Paquistão, Tadjiquistão, Turcomenistão, Uzbequistão e Estados Unidos.

Lavrov também pediu que a comunidade internacional ajude Cabul a eliminar o terrorismo e a impedir que o Estado Islâmico (EI) utilize o país como "trampolim para expandir suas atividades na Ásia Central".

As negociações na capital russa estavam previstas inicialmente para 4 de setembro, mas foram adiadas em dois meses porque Cabul se negou a participar delas, ao defender um "processo dirigido pelos afegãos".

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