Como prometido, a Samsung divulgou os resultados da sua investigação sobre a série de Galaxy Note 7 que pegaram fogo.
A grande descoberta da investigação é que o celular em si não tinha problemas – o mecanismo de carregamento dentro do aparelho e o conector USB-C não desempenharam nenhum papel para a explosão dos telefones. No entanto, haviam uma série de problemas nas baterias utilizadas.
A investigação da Samsung contou com um time interno de 700 engenheiros e pesquisadores que testaram 200 mil dispositivos e mais de 30 mil baterias. A companhia também trabalhou com diferentes grupos, incluindo UL, Exponent e TUV Rheinland, que entregaram resultados independentes.
Os resultados chegam três meses e meio depois da Samsung encerrar a produção do aparelho. No final de agosto, diversos Galaxy Note 7 começaram a pegar fogo. A empresa iniciou um processo de recall em setembro, antes de reiniciar a produção. Depois que aparelhos que deveriam funcionar corretamente também pegarem fogo, a Samsung expandiu o recall e encerrou permanentemente a produção.
O Galaxy Note 7 usou duas fabricantes diferentes de baterias, que a Samsung simplesmente se referiu como "bateria A" e "bateria B". A bateria A estava no grupo de telefones do primeiro recall (antes de setembro) e a bateria B estava no grupo de aparelhos que explodiram depois do primeiro recall.
De acordo com os resultados da Exponent, UL e TUV Rheinland, o problema com a bateria A foi causado por uma deformidade no canto superior direito, o que fez com que os eletrodos dobrassem e entrassem em combustão. A Exponent também culpou essa flexibilidade da bateria por ela ser muito grande para o encaixe do aparelho desenhado para "acomodar o conjunto de eletrodos".
O problema com a bateria B é ligeiramente diferente. Os especialistas dizem que não havia um problema com o design da bateria em si, mas a Exponent disse que o problema acabou sendo "uma falha nas células internas entre a soldagem da aba de eletrodos positivos e a película de cobre do eletrodo negativo, diretamente oposto às soldas defeituosas". Esses defeitos na soldagem aconteceram durante o processo de fabricação. A Samsung culpa a pressa para compensar as vendas perdidas.
A explicação combina mais ou menos com o que o Wall Street Journalnoticiou na semana passada. Também é similar a um relatório divulgado antes por uma startup chamada Instrumental, que determinou que o encaixe para bateria do Note 7 era muito pequeno, baseado na desmontagem independente que fizeram de uma unidade vendida antes do recall.
E agora? É bom o fato da Samsung e dos especialistas poderem explicar o porquê as baterias pegaram fogo, mas o teste real será a reação dos consumidores e a confiança que eles terão na Samsung.
Para mim, o problema mais grave foi a segunda bateria, porque sua falha não tinha a ver com um problema de design, mas com um padrão fraco de fabricação enquanto a companhia tentava correr para colocar o produto de volta no mercado. Veja, eu entendo, a Samsung estava numa situação ruim depois do primeiro recall. A empresa tinha um celular muito popular que não estava disponível, diversos consumidores irritados que queriam um smartphone que funcionasse corretamente e um novo iPhone no mercado para competir.
Mas a pressa de reiniciar a produção significou alguns aparelhos pegando fogo em aviões.
Quando o Galaxy S8 for lançado neste ano, a Samsung vai precisar fazer um bom trabalho em convencer o público que aprendeu as lições – e que está priorizando a segurança na fabricação em relação ao lucro.