O mandato do prefeito de São Paulo, João Doria Jr., completa 100 dias nesta segunda-feira, dia 10 de abril.
Para chegar ao comando da maior cidade do país, Doria se lançou como um “não político” e assumiu o discurso de “bom gestor”. Além disso, fez 118 promessas na campanha eleitoral, o que demandaria cumprir uma meta a cada 12 dias em seu governo.
Assíduo comunicador nas redes sociais nos 100 dias de mandato, conquistou fãs e críticos não só entre os paulistanos como entre pessoas de outras cidades e estados, o que o fez a ser até mesmo cogitado como um possível candidato do PSDBpara 2018.
Mas, apesar de toda a popularidade que construiu nesses 100 dias, ele de fato tirou do papel as promessas eleitorais?
EXAME.com separou quatro propostas, em áreas como Educação, Saúde, Mobilidade Urbana e Finanças, para checar o que foi feito até a semana passada. Hoje, marco dos 100 dias, o próprio prefeito deve apresentar contas do que já foi feito nesse prazo.
Confira a descrição do andamento das metas:
Educação
Uma das principais promessas era zerar a fila por vagas em creches já no primeiro ano de governo. No mês das eleições, em outubro do ano passado, o déficit era de 103 mil crianças de 0 a 3 anos. Para matricular todas até dezembro de 2017, Doria teria de entregar, em média, 2,6 creches por dia.
Em janeiro deste ano, no entanto, a promessa mudou. Em entrevista a EXAME.com, o secretário de educação de Doria, Alexandre Schneider, afirmou que a meta passaria a ser de 66 mil vagas em 2017, demanda deixada por Fernando Haddad (PT) em dezembro.
Mas, em março, Doria anunciou o Programa Nossa Creche e adiou ainda mais a meta: disse que vai criar 65,5 mil vagas até março de 2018 e 96 mil novas vagas nos 4 anos de governo, valor bem menor do que as 103 mil prometidas na campanha.
No último dia 30, o prefeito divulgou o Plano de Metas da Prefeitura para os 4 anos de governo, documento que estabelece o compromisso mínimo de aumentar o número de vagas em creche em apenas 30% até 2020.
Como, em 2016, São Paulo tinha 284.217 vagas em creches, Doria teria de criar apenas mais 85 mil vagas em 4 anos, valor que contradiz os números divulgados inicialmente.
Saúde
Outra proposta eleitoral foi o Corujão da Saúde, um plano de atender pacientes que estão na fila por exame médico durante a noite em hospitais particulares.
A promessa era zerar a fila de 485.300 exames.
Depois de eleito, Doria tirou 145.919 pessoas dessa fila sem receber atendimento. Ele alega que elas ou não precisavam mais fazer os procedimentos ou aguardavam há mais de 6 meses pelo exame e teriam que fazer uma reavaliação.
Até o dia 3 de abril, 342.741 atendimentos foram feitos.
Atualmente, a fila tem 1.706 pessoas que esperam por um exame desde 2016 e outras 86.918 que receberam pedidos de exames médicos neste ano.
Segundo a gestão Doria, a meta é que até 2020 a espera para exames prioritários seja de até 30 dias.
Mobilidade
Uma das promessas cumpridas até agora é o aumento da velocidade das Marginais Pinheiros e Tietê. Na gestão Haddad, as velocidades foram diminuídas e, depois da medida, o número de acidentes nas marginais caiu 57% em 2016.
Durante a campanha, Doria prometeu voltar as velocidades para 60km/h, 70km/h e 90km/h já no primeiro dia de governo, mas o aumento da velocidade só aconteceu em 25 de janeiro.
Batizado de Marginal Segura, o plano manteve o limite de 50km/h para uma das faixas da pista local enquanto as outras faixas da local voltaram a 60km/h, decisão questionada por especialistas.
Mas a medida de fato aumentou a velocidade da pista expressa para 90km/h e da pista central para 70km/h, porém manteve alguns pontos de redução, como nos acessos a pontes.
Um mês depois da medida, as marginais Pinheiros e Tietê registraram 102 acidentes com vítimas, segundo a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET).
A gestão Doria não divulgou o valor do mesmo período no ano passado. No entanto, o registrado em 2017 já superou a média mensal do ano passado, que era de 64.
Finanças
Outro ponto central da campanha de João Doria era a privatização e concessão à iniciativa privada de equipamentos públicos. Ele afirmou, na corrida eleitoral, que manteria apenas o “essencial” sob administração do município. Em entrevista a EXAME.com, o então candidato Doria afirmou que as privatizações poderiam gerar uma receita de 3,5 bilhões a 5 bilhões para o município.
Em fevereiro deste ano, Doria viajou aos Emirados Árabes para atrair investidores e lançou um vídeo em inglês em que anunciava o “maior programa de privatização da cidade”. Um mês depois, seis representantes do fundo Adia, de Abu Dhabi, vieram a São Paulo analisar as propostas.
Entre os locais oferecidos para a iniciativa privada e que aparecem no vídeo estão o Parque do Ibirapuera, o Anhembi, o Autódromo de Interlagos, o Mercadão, o Estádio do Pacaembu, terminais de ônibus, o sistema de cobranças do transporte público (bilhete único e aluguel de bikes), o sistema funerário e o de iluminação pública.
Segundo o Plano de Metas divulgado no dia 30 de março, o Plano de Desestatização tem como objetivo viabilizar R$ 5 bilhões para a prefeitura até 2020. Em diversas entrevistas, Doria afirmou que esse plano deve sair ainda neste ano.
Uma coisa que não se deve negar é a popularidade do prefeito – que virou em 100 dias um pop star nas redes sociais. Vamos ver como ele irá se sair nos 1.361 dias que restam do governo. Por enquanto, ele tem 50 metas no Plano de Metas para cumprir até 2020.