A cada dia surgem novos modelos de computadores, smartphones, câmeras digitais e outros diversos produtos eletrônicos. A velocidade dos lançamentos e atualizações faz com que esses equipamentos se tornem obsoletos rapidamente, e assim cresce a demanda por uma destinação correta para o lixo eletrônico. Projetos que atuam na reutilização desses objetos estão sendo apresentados na Campus Party Brasília, que é realizada até este sábado (17).
O descarte correto é importante para a preservação do meio ambiente e pode ser combustível para iniciativas que beneficiam comunidades inteiras, como o projeto do Instituto Caxinguelê, do município de Janaúba, localizado no norte de Minas Gerais. Há um ano e meio, a startup social recebe doação de material eletrônico, que, após uma triagem, é encaminhado para a reciclagem, feita por meio de atividades educativas livres, destinadas a qualquer pessoa interessada na cidade de 70 mil habitantes. Segundo o criador do instituto, Diêgo Geovani, o projeto trabalha com diversas áreas do conhecimento. “Ensinamos a programar jogos, robótica, fazemos pesquisas, montamos computadores com partes de vários outros”, conta.
O objetivo principal da startup é promover a chamada metarreciclagem: além de reciclar, dividir conhecimento. “Tudo no Instituto é de livre acesso a toda comunidade. Nós damos preferência para hardwares e softwares livres, para que tudo possa ser compartilhado”, afirma Diêgo Geovani. A meta do instituto agora é conseguir expandir a ideia. “A gente precisa de conexão com pessoas que gostem de alguma forma do que a gente está fazendo. Quando nos conectamos com mais de 10 pessoas em uma cidade, já temos o inicial para começar a ideia lá”, destaca.
Lixo transformado
Em Valparaíso de Goiás, cidade a 30 quilômetros de Brasília, o lixo eletrônico também recebe destinação sustentável com a atuação da organização não governamental (ONG) Programando o Futuro. Uma das ações da ONG é transformar carcaças de computadores em filamentos (plástico derretido e posteriormente modelado) para impressoras 3D. “Foi uma solução encontrada para a quantidade de plástico que a gente recebe”, afirma o analista de sistemas Rafael Aguilar, um dos colaboradores do projeto, que recebe cerca de 10 toneladas de lixo eletrônico anualmente.
Segundo Aguilar, atualmente no Brasil há poucas empresas que produzem filamentos para impressoras 3D. Com a reciclagem, a Programando o Futuro consegue fabricar esse material com preços cerca de 40% mais baixos.
O projeto, apoiado pelo Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, tem uma estação de metarreciclagem, que além de fazer o reúso de computadores e equipamentos de informática, promove cursos de capacitação técnica na área para jovens e adultos da comunidade. Todo ano, entre 700 e 800 pessoas passam pelas atividades. “Os alunos consertam computadores e encaminham para doação a instituições da cidade. A gente tenta prepará-los para o mercado de trabalho”, ressalta Aguilar.
Edição: Juliana Andrade