O governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, pediu desculpas aos servidores públicos do estado pelos atrasos nos salários e adiantou que o seu compromisso até o fim do mandato em 2018 será efetuar o pagamento em dia para todos.
“Só tenho maior compromisso até o fim do meu mandato que é com o funcionalismo público. Quero pedir desculpas por tudo que o funcionalismo tem passado com os atrasos, mas o meu compromisso, tenho certeza que vou chegar ao final [de 2018], com todos os salários em dia,” disse.
Para atualizar os pagamentos em até 60 dias, Pezão conta com a entrada em vigor do acordo de recuperação fiscal acertado com o governo federal. A medida depende da definição do teto de gastos dos Três Poderes, última medida a ser apreciada pela Assembleia Legislativa do Estado Rio de Janeiro (Alerj), como uma das contrapartidas apresentadas ao Executivo federal. O governador acredita na aprovação pelos deputados estaduais para garantir a formalização do acordo.
“É um momento de dificuldade nossa que tenho certeza, vamos terminar. Quero chegar em agosto sem os bloqueios [realizados pelo governo federal no caixa fluminense por falta de pagamentos da dívida do estado] e facilita colocar os salários em dia. Terminando este processo na Alerj hoje, acredito que em 45 ou 60 dias poderei colocar todos os salários em dia."
Pezão acrescentou que, até agora, a administração estadual conseguiu aprovar na Alerj tudo que foi pedido pelo governo federal para fechar o acordo. “Nós fomos além do que o governo federal pediu. O governo federal não conseguiu passar na Câmara Federal o aumento da alíquota previdenciária de 11% para 14% e nós passamos aqui a patronal de 21% para 28%. Isso estava fora do acordo. Então, o estado, que está com problemas na sua previdência, dá uma demonstração que atacamos com as medidas que tínhamos em mãos. Isto vai representar para o estado do Rio, este ano, cerca de R$ 300 milhões a R$ 400 milhões, mas no ano que vem essa medida representará R$ 2 bilhões para os cofres do estado,” disse.
Sobre a decisão da Justiça que fixou o prazo para o governo estadual fazer os pagamentos de salários do quadro da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Pezão disse estar muito tranquilo, mas que não tem dinheiro no caixa para pagar, e se incluiu entre os que estão sofrendo com os atrasos. “A multa também é contra mim junto à UERJ. Ontem também recebi os R$ 250 igual ao funcionário da universidade. O acordo vai possibilitar que a gente atualize o salário. Todo o secretariado está recebendo no mesmo dia”, apontou.
Picciani
O governador comentou as críticas feitas na quinta-feira passada (22) pelo presidente da Alerj, Jorge Picciani, à sua administração e ao seu poder político de fazer negociações com o governo federal. Picciani defendeu um pedido de impeachment de Pezão. O governador disse que ainda não conversou sobre o assunto com presidente da Alerj, e que procura se pautar por uma política de agregação. Uma prova disso, segundo ele, é que a assembleia está votando o projeto do teto de gastos. “O meu trabalho é este, é de articular. Não vou entrar em confronto com nenhum presidente de poder. Ele faz as críticas dele. Algumas aceito e outras não. Se é para me corrigir e me acertar, absorvo. No que acho que estou certo continuo fazendo".
Pezão não soube dizer se a declaração de Picciani foi uma posição política, e destacou que nas negociações com o Congresso para aprovação do acordo de recuperação fiscal conseguiu mostrar o seu empenho e mesmo com a barreira imposta pela oposição teve 316 votos de deputados favoráveis ao acordo, o que considerou a maior votação do Congresso nos últimos tempos.
"Com os partidos da oposição aqui do Rio votando contra e atacando o acordo nós tivemos 316 votos. Tivemos a solidariedade de todos os outros deputados dos outros estados do Brasil. Depois no Senado Federal a mesma coisa, 56 a 9, mais de dois terços. O que nenhum presidente tem conseguido, então, um acordo que mostra a nossa capacidade de diálogo e conversa. Aqui na assembleia aprovamos quase todas as medidas e estamos indo para a última. Aceito a crítica tranquilamente e, de onde venha, entendo as insatisfações”, destacou.
Pezão disse que só há uma chance de não concluir seu mandato em 2018. “Só se eu passar mal de novo e ficar doente. A saúde está mais ou menos. Vou me cuidar melhor. Não estou cuidando direito. É a única coisa que pode me tirar. Não sou melhor do que ninguém, mas trabalho 17 horas, 18 horas por dia para arranjar soluções, principalmente, para o funcionário público e para que a população do estado não passe por este momento que estamos enfrentamos,” completou.
Edição: Valéria Aguiar