O aumento de 1% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2017 mostra a retomada do crescimento da economia do país, segundo especialistas ouvidos pela Agência Brasil.
Para o diretor de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), José Ronaldo de Souza Jr., o resultado já era esperado e mostra o processo de recuperação econômica.
O diretor aposta em um consumo maior das famílias, com previsão de alta de 3,4% este ano. Em 2017, o crescimento foi de 1%. “A gente vê recuperação do consumo das famílias e do investimento também”.
Apesar do aumento do consumo ter ficado em 1%, diretor lembra que é o quarto consecutivo depois de dois trimestres de alta bastante expressiva. “Eu diria que está ficando claro uma recuperação do consumo que teve impacto bastante significativo no comércio também”.
Para o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o aumento está relacionado à inflação em baixa, que passou de 8,7% em 2016 para 3,4% em 2017; a taxa de juros menor, que caiu de 14% para 10%; e o crédito para pessoa física, que recuperou 2,6% no ano passado.
No ano passado, o agronegócio puxou o resultado positivo, com alta de 13% em comparação ao ano anterior. Para 2018, a previsão, de acordo com o diretor, é de queda de 1,4% no setor em decorrência de uma safra de grãos 6% menor.
Comércio
Em relação ao comércio, o chefe da Divisão Econômica da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Fábio Bentes, avalia que a alta de 1,8% do setor no ano anterior aponta para o início da recuperação dos prejuízos com a crise. “Se olhar pela ótica do PIB, em 2015 e 2016, a riqueza do PIB do comércio encolheu 13,8%. Agora, a gente repôs 1,8%”.
Já a queda nos investimentos preocupa. A taxa de investimento em 2017 foi de 15,6% do PIB, abaixo dos 16,1% de 2016. “Se a gente continuar tendo mais consumo e menos investimento, o que vai sair daí é uma inflação maior e, aí, a gente é obrigado a abortar não só o crescimento, como abortar o próprio crescimento do consumo”.
Para este ano, a CNC trabalha com a perspectiva de expansão do PIB de 2,8%, impulsionada pela inflação e taxas de juros baixas e alta na geração de empregos.
Na avaliação do economista Istvan Kasznar, professor da Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas (Ebape) da Fundação Getulio Vargas (FGV), a retomada econômica ainda é insuficiente para dar uma sensação de melhoria consistente.
“É um anúncio bom e é algo de que necessitávamos para acreditar mais, para ter mais alento. Ainda estamos longe dos indicadores de que necessitamos e permanecemos, infelizmente, enforcados pela falta da reforma da Previdência, por excesso de carga fiscal, por uma crise de corrupção inenarrável, incomparável na história do Brasil, e outros tantos fatores que ainda não nos mobilizam o suficiente”, disse.
Indústria
No caso da indústria, o economista Marcelo Azevedo, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), afirma que o crescimento deve ocorrer em 2018, mas não em ritmo exuberante. “Não vai se conseguir, já neste ano, recuperar tudo o que foi perdido, mas a gente acredita na continuidade da recuperação neste ano, sim”.
O setor fechou 2017 sem registrar crescimento - em estabilidade, com peso grande da construção, que teve queda de 5%.
Em particular, a CNI aposta que haverá crescimento mais uniforme entre os vários setores. “A gente acredita que este ano vai ter uma participação menor das exportações e maior do mercado doméstico, o que vai tornar o crescimento mais homogêneo entre todos os setores”.
Edição: Carolina Pimentel