O governo federal não deverá ser o único responsável pelo investimento de R$ 3,1 bilhões, necessários para a intervenção na segurança pública do Rio de Janeiro. O governo estadual também precisará fazer aporte de recursos, segundo informou hoje (20) o coronel Roberto Itamar. Ele é o porta-voz do gabinete de intervenção.
A soma de R$ 3,1 bilhões foi apresentada ontem (19) pelo interventor federal, general Walter Braga Netto. "Este valor diz repeito à totalização global das necessidades. Mas uma parte desses recursos está relacionado com o orçamento do estado do Rio de Janeiro", explicou Roberto Itamar após cerimônia onde a empresa Taurus e a Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC) doaram 100 fuzis e 100 mil munições às forças da intervenção.
De acordo com o coronel, a conta inclui R$ 1,6 bilhão de dívidas passadas, sendo que cerca de R$1 bilhão desse passivo é referente a salários e verbas trabalhistas atrasadas na área de segurança pública. "Somente o estado do Rio de Janeiro pode se responsabilizar por esse pagamento de pessoal. Para os outros R$ 600 milhões, poderá haver aporte de recursos federais. Mas isso ainda é uma conta que está sendo feita entre o governo do estado e representantes do gabinete de intervenção".
Além do passivo de R$ 1,6 milhão, a intervenção prevê aporte de R$ 1,5 bilhão em investimentos e custeios futuros. Este valor deve recair sobre a responsabilidade do governo federal. Hoje (20), a presidência da República assegurou a liberação de R$ 1 bilhão.
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, aventou ontem (19) a possibilidade de obter recursos para a intervenção com a reoneração da folha de pagamento de setores empresariais. Já o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, disse que a verba pode vir de projetos que já tramitam na Câmara e com uma medida provisório do Executivo que aloca recursos para a área de segurança.
Planejamento
O orçamento da intervenção foi tema de uma reunião hoje entre o interventor federal para segurança no Rio, general Walter Braga Netto, e deputados federais. Na ocasião também se falou das ações a serem desenvolvidas. De acordo com os parlamentares, o interventor federal disse que um planejamento detalhado será apresentado na semana que vem.
Roberto Itamar sinalizou, porém, que já existe um plano sigiloso. "O planejamento militar é sempre guardado em sigilo e ele se revela no momento das ações. Existe um plano que já está elaborado pelo gabinete de intervenção federal. Existe uma diretriz estratégica e ela vem sendo cumprida por intermédio de ações que estão sendo desenvolvidas. E a cada ação, a opinião pública e a imprensa estão tendo conhecimento para que possam acompanhar", disse o porta-voz.
Edição: Denise Griesinger