Os terremotos que sacudiram a região central da Itália nos últimos dois meses podem continuar acontecendo, num efeito dominó devastador, com um grande tremor levando a outro ao longo da falha dos Apeninos, alertou Gianluca Valensise, sismólogo do Instituto Nacional para Geofísica e Vulcanologia da Itália.
De acordo com o Serviço Geológico dos EUA, o tremor deste domingo alcançou 6,6 graus na escala Richter, na mesma região onde um sismo de 6,2 graus matou 297 pessoas no dia 24 de agosto. Entre os dois, aconteceram milhares de terremotos menores, incluindo um de 6,1 graus na última quarta-feira.
Para Valensise, existe uma “conexão geodinâmica” entre todos os tremores. A cordilheira dos Apeninos cruza a Itália desde o norte, na região da Ligúria, até a ilha de Sicília, ao sul. Toda a montanha está sobre uma cadeia de falhas tectônicas.
— Um terremoto medindo 6 graus ou mais cria estresses que são redistribuídos ao longo de falhas adjacentes e podem provocar rupturas, e isso é o que provavelmente vem acontecendo desde agosto — disse Valensise, em entrevista à Reuters. — Esse processo pode continuar indefinidamente, com um grande tremor enfraquecendo uma falha irmã num processo de dominó, que pode cobrir centenas de quilômetros.
O especialista recorda que a Itália viveu uma sequência de terremotos na Calábria em 1783, quando aconteceram cinco tremores com mais de 6,5 graus em menos de dois meses. Mais recentemente, aconteceram três terremotos na região de Assis em 1997, sendo o primeiro com 6,4 graus, que matou 11 pessoas, o segundo no dia seguinte e o último, 20 dias depois.
— Aquela sequência foi similar com a que estamos vendo agora, mas esta tem uma escala maior — disse Valensise.
Na sequência do tremor deste domingo, o sismólogo disse ser certo que acontecerão choques menores por “algumas semanas”, mas não é possível prever se haverá outros abalos fortes.