Nesta quinta-feira completou um ano que o único condenado das manifestações de 2013 está preso acusado de tráfico de drogas. A prisão do catador de latas Rafael Braga durante os protestos gerou indignação. Na época ele foi condenado por porte de material explosivo após ser pego por policias com duas garrafas de plástico com água sanitária e álcool.
Apesar de o laudo apontar que os objetos tinham aptidões mínimas para explodir, a Justiça considerou que os artefatos foram fabricados com intenção de funcionar como “coquetéis molotov”. Ele já tinha sido condenado em outras duas ocasiões por roubo.
Para a coordenadora do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania da Universidade Cândido Mendes, Julita Lemgruber, o caso deveria chocar a opinião pública.
Há exato um ano, quando Rafael Braga cumpria pena em regime aberto, ele foi acusado de um novo crime: tráfico de drogas. Ele foi levado para a delegacia após uma abordagem de policiais da UPP da Vila Cruzeiro, na Penha, zona norte do Rio. Rafael Braga nega que estivesse com a droga apresentada e diz que o flagrante foi forjado. O advogado que acompanha o caso, Lucas Sada, afirma que a acusação é falsa.
O advogado diz também que apenas o depoimento dos policiais não deveria ser suficiente para que Rafael Braga fosse preso.
No entanto, para o Ministério Público, o testemunho dos policiais é absolutamente válido. Segundo o órgão, duvidar da palavra dos agentes resultaria na conclusão de que o Estado credencia funcionários para o exercício do poder e, ao mesmo tempo, nega fé aos seus testemunhos. O Ministério Público disse que o relato da testemunha de defesa também é válido e foi analisado com os demais elementos, que levaram a instituição a pedir a condenação do réu.
Rafael Braga está preso preventivamente no Complexo de Gericinó, em Bangu, zona oeste do Rio. A prisão preventiva foi decretada no dia 13 de janeiro de 2016 na audiência de custódia. O processo agora aguarda, a apresentação de alegações finais da defesa que devem ser entregues ainda em janeiro e a decisão do juiz que não tem data para sair.