Com baixa adesão, movimentos fazem ato pró-Lava Jato na Paulista
Brasil
Publicado em 26/03/2017

Os mesmos movimentos que pediram o impeachment de Dilma Rousseff em 2015 e 2016 saíram às ruas neste domingo (26/03) em ato a favor da Operação Lava Jato, pelo fim do foro privilegiado e contra o voto em lista fechada. Bem diferente dos protestos Fora Dilma, a manifestação agendada no início do ano conseguiu encher apenas dois quarteirões da Av. Paulista – isso se os grupos tivessem se concentrado em um único lugar, o que não aconteceu. Seis movimentos diferentes, entre eles o Vem pra Rua, o Brasil Livre (MBL), o Nas Ruas e os Intervencionistas, cada um com um trio elétrico, se espalharam em blocos pequenos pela via, formando buracos entre eles. Pessoas que vieram caminhar e andar de bicicleta na Paulista, que já fica fechada aos domingos, circulavam tranquilamente e ajudavam a aumentar o quórum do ato.

Do carro de som, as lideranças dos movimentos minimizavam a baixa adesão, lembrando que eles foram determinantes para tirar a ex-presidente Dilma do cargo ano passado. “Não se preocupe se a Paulista está vazia. O importante é que estamos aqui. Fomos nós que derrubamos a Dilma e criamos o pixuleco”, disse uma porta-voz do movimento Acorda Brasil, fazendo menção ao boneco de Lula vestido como presidiário.

Temas áridos

Longe dos microfones, porém, as lideranças dos movimentos reconheciam que o ato estava esvaziado por tratar de temas áridos para a maioria da população e por não ter como alvo um inimigo comum, como foi nos protestos anteriores. “Se o Temer tivesse feito alguma coisa mais forte para pedirmos a cabeça dele. Ou o Lula, para pedir a prisão. O governo federal até tirou o pé nas ações contra a Lava Jato para não insuflar [a manifestação]. Não tem um inimigo comum nem um grito de guerra”, disse uma liderança de um movimento.

Apesar de terem como alvos principais o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o PT, os manifestantes vestidos de verde e amarelo entoam gritos contra os políticos em geral. “Quem estava na rua para derrubar a Dilma agora voltou para tirar todos os políticos corruptos”, afirmou Kim Kataguiri, coordenador do MBL.

“Se a Lava Jato não tirar, nós vamos tirar todos eles do poder”, exclamou Rogério Chequer, líder do Vem pra Rua. Nos atos anteriores, políticos que eram da oposição a Dilma e agora fazem parte da base de Temer, como o senador José Serra (PSDB-SP) e o ministro das Relações Exteriores Aloysio Nunes, chegaram a discursar no carro do Vem pra Rua e foram bastante tietados pelos manifestantes. Neste domingo, poucos políticos foram vistos na Paulista. Um dos únicos que veio foi o deputado Major Olimpio (SD-SP) que subiu no carro de som do Acorda Brasil para “pedir cadeia para todo mundo”.

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