O Partido Liberal disse hoje (3) que não se sentará à mesa de diálogo proposta pelo presidente do Paraguai, Horacio Cartes, enquanto não for retirado o projeto que estabelece a reeleição presidencial. A proposta gerou protestos em Assunção, que resultaram na morte de um jovem integrante desse partido por disparos da polícia.
O presidente do partido, Efraín Alegre, disse à Agência EFE que outra condição para comparecer a essa mesa é que sejam tomadas medidas contra os comandantes policiais responsáveis pela operação na qual morreu Roberto Quintana, de 25 anos, ocorrida durante a invasão da sede do partido pelas forças de segurança, na madrugada do último sábado (1º).
Cartes convocou ontem (2), por meio de uma mensagem transmitida na televisão, os presidentes dos partidos políticos "com representação parlamentar" das duas Casas do Congresso para uma mesa de diálogo, da qual também participariam representantes da Conferência Episcopal Paraguaia (CEP). A CEP anunciou hoje que participará das conversas, para as quais Cartes ainda não estipulou uma data.
Investigações
Após a morte de Quintana, Cartes destituiu o ministro do Interior, Tadeo Rojas, e o chefe da Polícia Nacional, Críspulo Sotelo. Além disso, quatro policiais foram detidos e prestaram depoimento no sábado no Ministério Público pela morte do jovem.
A morte de Quintana ocorreu depois que grupos de manifestantes incendiaram parte do edifício do Congresso na tarde da última sexta-feira (31) e entraram em confronto com a polícia, que feriu várias pessoas com disparos de balas de borracha, entre elas o deputado liberal Edgar Acosta.
Os incidentes começaram depois que 25 senadores votaram a favor do projeto de emenda constitucional que permite a reeleição presidencial.
A votação teve o apoio de legisladores do Partido Colorado, de Cartes, da Frente Guasú, do ex-presidente paraguaio Fernando Lugo, e de alguns senadores liberais contrários à corrente de Alegre. Cartes e Lugo pretendem concorrer às eleições de 2018.