Mais de um milhão de pessoas fugiram dos seus lares neste ano devido à grave seca e ao conflito na Somália, onde mais de 6,2 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária, informou nesta quarta-feira (18) o Conselho de Refugiado Norueguês (NRC).
Além disso, mais de 3,1 milhões estão em situação crítica e 388 mil menores de cinco anos sofrem desnutrição aguda, explicou a ONG em comunicado.
"Estamos alarmados com as dimensões desta crise, na qual cerca de 3.500 pessoas fogem por dia dos seus lares em busca de comida e água para manter-se com vida", disse a diretora regional do NRC, Gabriella Waaijman, que comparou este êxodo em massa com o ocorrido na última crise de fome de 2011, quando morreram 260 mil pessoas.
Apenas em setembro deste ano, cerca de 49 mil pessoas fugiram dos seus lares, a maioria das quais se deslocaram a acampamentos amontoados em áreas urbanas.
Muitas comunidades rurais da Somália se transformaram em cidades fantasmas após as colheitas falidas e a morte do gado, que deixou a população sem reserva de alimentos.
"Abandonei o trabalho na nossa fazenda de um hectare devido à falta de água. Os rios estavam secos, não havia nenhuma gota de água em nenhuma parte. Cavamos o solo para buscar água subterrânea, mas não encontramos nada", disse à NRC uma somali da região de Shabelle, Asha Ali Hussein.
Numerosas organizações internacionais insistem, no entanto, que com apoio financeiro ainda há tempo de evitar que se repita a situação de emergência humanitária que se viveu em 2011.
Além disso, ainda que a seca tenha sido a principal causa de deslocamento na Somália este ano, a atividade do grupo terrorista Al Shabab, que pretende instaurar um estado islâmico radical, também provocou numerosos deslocamentos.
No sábado passado um duplo atentado com caminhão-bomba matou pelo menos 315 pessoas e deixou 400 feridos em Mogadíscio.
Edição: Valéria Aguiar