O ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, avalia que os Estados Unidos estão fazendo a reversão da política de separação de crianças de seus pais que tentaram imigrar ilegalmente no país em ritmo muito lento. “É algo que está ocorrendo a conta-gotas”, criticou hoje (13), após reunião na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
De acordo com o ministro, que esteve em Chicago no dia 5, para se reunir com representantes dos diversos postos do Itamaraty nos países da América do Norte e tratar do tema da separação de crianças brasileiras de suas famílias, há um problema de organização dos norte-americanos. Os adultos estão sendo submetidos a departamentos da administração diferente de seus filhos e, com isso, as autoridades não têm conhecimento da ligação de parentesco entre eles.
Em sua visita, o ministro disse que conversou com 28 crianças brasileiras em dois abrigos de Chicago e que, durante a sua estada, notou uma variação do número de crianças. "Num dia havia no abrigo 21 crianças. No dia seguinte, eram 20", disse.
Ele ouviu dos menores sobre o desejo de continuar no país estrangeiro. “Elas [crianças] estão muito firmes, querem ficar nos Estados Unidos. Elas estão muito a par de todos os procedimentos a que estão submetidas, e a que os seus pais também estão submetidos. Muitas estão em busca de uma família que possa acolhê-las, no caso de os pais serem deportados. Algumas crianças muitos pequenas não têm a menor noção do que está acontecendo, aí o trauma é maior”, disse
Crueldade
O ministro reforçou a crueldade da política de separação norte-americana. “Consideramos que é uma medida cruel. As crianças submetidas a essa separação recebem um trauma que pode marcá-las para o resto da vida”, disse.
Aloysio Nunes orienta os brasileiros a não tentar entrar ilegalmente nos Estados Unidos, e pediu senso de responsabilidade aos pais. “Um pai que vai para os Estados Unidos passando por uma fronteira perigosa, como a do México, em que muitas pessoas desaparecem, morrem, são assassinadas, submetendo os filhos a algo que já existia no governo Obama e que ficou mais grave no governo Trump, é uma irresponsabilidade”, declarou.
Edição: Fernando Fraga