Muitas pessoas estiveram hoje (15) na Catedral da Sé, no centro da capital paulista, para se despedir de dom Paulo Evaristo Arns. O velório começou às 20h de ontem (14) e ocorrerá, de forma ininterrupta, até a tarde de amanhã, quando o corpo será sepultado. A cada duas horas inicia-se uma missa, totalizando 23 missas de corpo presente. No intervalo entre as celabrações, o público pode se aproximar de dom Paulo para despedidas e orações.
Dom Paulo será sepultado na cripta da catedral amanhã, após uma missa marcada para as 15h, que será presidida pelo arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Scherer. Após a celebração, o corpo dele será levado para a cripta, localizada no subsolo da catedral, onde hoje estão sepultados 11 bispos, dois arcebispos, o cacique Tibiriçá, que foi catequizado por jesuítas, além do regente Feijó e o padre Bartholomeu de Gusmão, que ficou conhecido pela invenção dos balões. Segundo a assessoria da catedral, dom Paulo será o terceiro arcebispo e o primeiro cardeal a ser sepultado no local. O último a ser enterrado lá foi o arcebispo dom José Gaspar, em 1943.
O corpo será conduzido para a cripta por seis padres. A cerimônia será fechada, com a presença de arcebispos, bispos, autoridades e familiares. Após o sepultamento, a cripta será aberta para o público.
Padre dos pobres
Dom Paulo era conhecido principalmente por sua luta contra a ditadura, pela democracia e pelos pobres. O morador de rua Fabio Pereira dos Santos, 42 anos, que geralmente vive na escadaria da Catedral da Sé, disse à reportagem que conheceu dom Paulo.
"Conheci ele lá do outro lado [da catedral], onde os padres entram. Ele era um amor de pessoa. Sempre me atendeu. Ele não só ajudava, como dava atenção. Ele trazia marmitex para mim”, contou. “Para mim ele não está morto, só passou dessa vida para uma outra vida”, acrescentou.
A dona de casa Elza Geraldo de Siqueira, 59 anos, veio na tarde de hoje à Sé para acompanhar a missa e poder chegar perto do corpo de dom Paulo. A reportagem conversou com ela enquanto ela aguardava em uma longa fila para se aproximar do corpo. “Eu não o segui muito, mas ouço falar que ele lutou pela democracia, que ele lutou pelos pobres. Se ele lutou por esse objetivo, pela democracia, ele teve uma estadia de amor”, disse.
A também dona de casa Antonia Maria Rocha Albuquerque, 51 anos, estava no final de uma das filas que chegou a contornar a catedral pelo lado de fora do edifício, aguardando para se aproximar do corpo de dom Paulo. “Essa é uma última homenagem ao padre. Ele fez muitos benefícios para os humildes e pobres. Então estou aqui para prestar uma última homenagem”, disse ela. “Já o vi na missa. Ele era uma ótima pessoa. Muito bom. Fazia de tudo para agradar o povo mais pobre”, falou.
Dom Paulo, que faleceu ontem (15), aos 95 anos de idade, tinha 71 de sacerdócio e 76 de vida franciscana. Ele era cardeal desde 1973 e foi arcebispo metropolitano de São Paulo entre 1970 e 1998.
Edição: Amanda Cieglinski