Manifestantes contrários à proposta de privatização da Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae) protestam hoje (7), no centro do Rio de Janeiro, em frente ao prédio da Assembléia Legislativa. A proposta vai ser discutida na Alerj nesta semana e faz parte de um acordo de renegociação da dívida do governo do estado com a União.
O ato tem o apoio do Movimento Unificado dos Servidores Públicos do Estado do Rio de Janeiro (Muspe) e reúne centenas de funcionários da companhia, além de servidores de outros órgãos estaduais, que fecharam a Avenida Presidente Antônio Carlos. Entre as preocupações pontuadas pelos manifestantes, está a falta de garantias sobre a manutenção de seus empregos. Eles também afirmam que a privatização pode encarecer e precarizar o serviço de abastecimento.
Em sua maioria concursados e contratados em regime celetista, os funcionários públicos distribuíram cartazes com os dizeres "A Cedae é do povo" e fitas azuis para a população.
O diretor do Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas de Saneamento Básico e Meio Ambiente do Rio de Janeiro (Sintsama-RJ) , Roberto Rodrigues, resumiu os motivos do protesto.
"Em um primeiro momento, me preocupa perder meu emprego. E a população pode estar perdendo uma empresa de cunho social", disse. Ele criticou a proposta do governo. "A gente não tem nenhuma garantia. Sabemos o que aconteceu nas outras empresas públicas privatizadas. Os melhores salários, as pessoas mais antigas, eles mandaram embora e colocaram uma pessoa de empreiteira, que ganha muito menos."
O engenheiro Flávio Guedes trabalha na empresa há 43 anos e é presidente do conselho fiscal do sindicato. Ele defende que o saneamento seja prestado por uma empresa pública.
"Quando você privatiza o saneamento, privatiza a vida. Água não é negócio", afirmou Guedes, que quer um debate mais amplo na Assembleia Legislativa, com audiências públicas e discussão em comissões antes da votação em plenário. "Eles estão muito apressados, mas não podem vender a Cedae assim. A Cedae não é um saco de batatas."
A supervisora Vânia Lino já está há 12 anos na Cedae e tinha 17 anos de experiência na iniciativa privada. Ela afirma que sua maior preocupação é com o serviço prestado pela companhia:
"Hoje, o valor da água é bem pequeno e, privatizando, o valor vai aumentar. Uma empresa como a Cedae não é para gerar lucros, é para atender a toda a população", argumentou. "Até agora ninguém do governo falou nada em relação aos funcionários. A gente não sabe o que vai acontecer. Eu tenho família, eu tenho uma filha e também fico preocupada."
A Cedae não tem se posicionado sobre a privatização. Por e-mail, a empresa afirmou que "informações sobre privatização devem ser obtidas com o acionista majoritário, o governo do estado".
Procurado pela Agência Brasil, o governo do estado disse que vai tomar todos os cuidados para que o comprador da Cedae mantenha o atual corpo de trabalhadores da companhia.
Edição: Maria Claudia