As carcaças de três dos nove ônibus incendiados nos atos de vandalismo que ocorreram durante as manifestações de ontem (28) no centro do Rio, por motivo da greve geral contra as reformas trabalhista e previdenciária, permaneciam até o início da tarde de hoje (29) no Largo da Lapa. De acordo com a Federação das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro (Fetranspor) a retirada acontecerá até o final do dia, de acordo com disponibilidade de reboque.
A visão dos ônibus queimados em um dos pontos turísticos do centro da cidade chama a atenção de todos que passam pelo local, inclusive turistas, que fotografavam a cena. Indignado com o que via, o administrador de empresas Luiz Viana classificou os atos como um abuso da liberdade. “Na minha opinião, está não é a maneira correta de exercer a cidadania. Isto com certeza tem objetivos que não são democráticos”, disse.
Ao seu lado, o publicitário Marcus Vinicius disse que os atos de vandalismo são a prova de que há uma intolerância generalizada no país, “principalmente por parte daqueles que dizem estar lutando por direitos alheios. Você não luta pelo direito do trabalhador cerceando o direito do mesmo de ir e vir. O direito à greve existe na Constituição, mas no Artigo 9 da mesma também está dito que você não pode cercear o direito de ir e vir”, falou. Ele contou que sua esposa, na manifestação de ontem ficou no meio do fogo cruzado entre black blocs e a Polícia Militar.
“Ela passou mal na rua e o relato dela me deixou extremamente indignado. Black blocs riam das pessoas que estavam desmaiando por causa do gás de pimenta. Eu sei que é difícil você diferenciar quem é quem, mas a PM, que tem a função de dispersar esse tipo de manifestação violenta, eu acho que deveria ter o foco não só de dispersar, mas também prender”, comentou.
Depredação e decepção
Na Cinelândia, cariocas e turistas que saíam da estação do metrô na esperança de pegar o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) até o Boulevard Olímpico ficaram decepcionados. Com seis paradas totalmente depredadas (Candelária - Sete de Setembro - Carioca - Cinelândia - Colombo e Tiradentes), o VLT só está circulando neste sábado na Linha 1 entre a Rodoviária e a Parada dos Museus, junto à Praça Mauá, onde se localizam o Museu do Amanhã e o Museu de Arte do Rio.
A turista gaúcha Rosana Duso, em passeio pelo Rio, esperava conhecer neste sábado o VLT, que começou a funcionar no ano passado, por ocasião das Olimpíadas. “Eu estava bem feliz pensando que ia conhecer o VLT. A gente fica decepcionada, porque isso acaba estragando a própria manifestação, que é legítima. Vandalizar o patrimônio público é muito triste”, disse.
Em nota, a concessionária VLT Carioca estimou que cerca de 20 mil pessoas deixaram de ser transportadas pelo sistema ontem devido às constantes interrupções no serviço, motivadas pelas manifestações. Ainda segundo a empresa, as equipes de manutenção estão desde cedo neste sábado fazendo a limpeza do local e retirando o material depredado para garantir a segurança dos usuários. “Ainda será avaliado o tamanho dos danos e o prazo para a recuperação total das paradas”.
Edição: Augusto Queiroz