O mineiro Vilmar da Silva Pereira, de 41 anos, já observa as andorinhas voando baixo pelo quintal de casa. “Vai chover a qualquer hora, a andorinha está voando baixinho”, disse para a esposa. Na sabedoria popular, a forma e altura de voo desse pássaro indicam a proximidade das chuvas.
Previsão do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) confirma a expectativa de Vilmar. Segundo o instituto, há possibilidade de chuva, de amanhã (20) até sexta-feira (21), em áreas isoladas do Distrito Federal. A capital completou hoje (19) 120 dias de seca. A temperatura oscila entre 15ºC e 28ºC.
Apesar do calor e do tempo seco, Vilmar foi passear com as filhas no Parque da Cidade. “Apenas na sombra”, avisou para as gêmeas Ana Clara e Ana Júlia. Com garrafas de água nas mãos, ele disse que sentiu de forma mais intensa os efeitos do período seco. “A seca do ano passado não estava assim, o tempo está muito quente. A temperatura chegou a 41º em Planaltina”, disse à Agência Brasil.
Ele conta que as filhas ficaram mais de um mês doentes, com infecções respiratórias. “Elas nunca tinham ficado assim. Agora já estão melhor”, contou.
A vendedora Rosário Nunes Costa, de 37 anos, também espera pela chuva, com ansiedade e receio. Ela reclama do tempo seco, mas explicou que as primeiras chuvas agravam seus problemas com a asma. “As primeiras chuvas vão limpando as telhas e as árvores, a gente sente aquele cheiro da poeira e isso não é muito bom para mim, não consigo respirar direito. As primeiras chuvas são sofrimento”, disse.
Moradora de Águas Lindas, no entorno do Distrito Federal, Rosário não foi afetada pelo racionamento imposto aos moradores da capital desde janeiro deste ano, mas disse que passa todos os dias pela Barragem do Descoberto, um dos reservatórios que abastece Brasília, e vê os efeitos da estiagem. “Está seca [o reservatório de água]. Era muita água e agora está seca. A gente mora perto e vê a diferença”, disse, contando que sempre economizou e reaproveitou água em casa.
Vendedora de frutas e água de coco no Parque da Cidade há 15 anos, ela observou que a movimentação no local diminuiu. “No fim de semana as pessoas procuram vir mais cedo, por causa do calor. Meio-dia o parque já está vazio. A partir das 17h30 já começa a encher de novo, até as 20h. No meio da semana o movimento é bem devagar”, contou.
Para a comunicadora social cubana Yanet Castellaro Arguelles, de 35 anos, está difícil se acostumar com o tempo seco. Ela mora na capital há dois anos e faz mestrado na Universidade de Brasília (UnB). “Para nossa família é muito ruim, nós não estamos acostumados com esse clima. O clima do nosso país é úmido e aqui é muito seco, a gente passa mal. Ainda não deu para acostumar”, contou, dizendo que sente a seca mais forte que nos anos anteriores. “Esperamos que a chuva chegue rápido.”
Edição: Lílian Beraldo