Surfistas e ambientalistas defendem no Rio soluções para a Praia da Macumba
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Publicado em 20/01/2018

O desmoronamento, na Praia da Macumba, que atingiu casas e ameaça imóveis de frente ao mar é uma das preocupações de ambientalistas e moradores no Rio. Eles organizam um ato neste sábado (20) para cobrar políticas públicas de gerenciamento ambiental e intervenções que ampliem a faixa de areia da praia localizada na zona oeste.

Além de ser uma opção de lazer, as praias amortecem impactos das ondas e tempestades no mar. Sem a faixa de areia, na última ressaca, em outubro de 2017, o mar avançou sobre o calçadão na Macumba, quiosques, dois metros da pista de asfalto e parte de uma casa.

Com a previsão de ser entregue em fevereiro, a obra contratada pela prefeitura, no fim de 2017, orçada em R$ 14,5 milhões, não resolve o problema de vez, afirma o ambientalista Sérgio Ricardo. “Essa obra caríssima da prefeitura é uma operação enxuga gelo”, disse ele, idealizador do movimento Baía Viva e um dos organizadores do evento na Praia da Macumba. “O mar, assim como destruiu o calçadão, e avança sobre os quiosques, destruirá essa obra”. Em contraponto, Sérgio Ricardo defende projetos de proteção, como recuperação da restinga nativa e instalação de recifes artificiais, além de políticas públicas.

O principal problema no litoral do estado do Rio, acrescenta, que não se restringe à capital, é a falta planejamento e gestão ambiental. “O estado do Rio de Janeiro é um dos poucos que até hoje não fizeram o zoneamento ecológico e o gerenciamento costeiro, instrumentos previstos em lei desde a década de 1980”, lembrou.

As obras emergenciais na Praia da Macumba começaram ano passado. A metodologia escolhida consiste em colocar bolsas preenchidas de concreto no calçadão da praia, com o objetivo de proteger as construções na região e devolver tranquilidade aos banhistas.

O acompanhamento está a cargo do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia, sob coordenação do professor de engenharia costeira Paulo Rosman, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Ele estuda a região há pelo menos 20 anos e já tinha alertado para o perigo de construções no local. Em 2000, concluiu um estudo apontando riscos de ressaca, sem intervenções ambientais que ampliassem a faixa de areia no local, mas que não foram executadas por nenhuma gestão.

Desta vez, o professor foi convidado pela prefeitura para acompanhar a obra. Ele afirma que a técnica escolhida é emergencial, uma das intervenções necessárias. A orientação dele é que a prefeitura estenda os trabalhos, com base em estudos. “Se não colocar areia na praia, essa obra não dura nem três anos”, alertou. “Essas não são obras para brigar com o mar, são obras de contenção [da encosta]”. A prefeitura, por outro lado, afirma que  são definitivas e não confirma etapas subsequentes.

Ato de tarde

Para discutir a questão, moradores, surfistas, ambientalistas e oceanógrafos se reúnem hoje na altura do Point do Rico, no Recreio dos Bandeirantes. O próprio surfista, Rico de Souza, é um dos defensores da recuperação da Praia da Macumba. Ele participa das atividades, nesta tarde, com o plantio de mudas e espécies nativas da restinga da Mata Atlântica.

Durante o evento, o movimento Baía Viva vai lançar ainda a Agenda para a Saúde Ambiental das Baías de Guanabara, da Ilha Grande e de Sepetiba – nesta última, onde morreram 170 botos-cinza, vítimas de um vírus, no início de janeiro. Também estão programadas para a Praia da Macumba atividades culturais, como roda de capoeira, oficina de educação ambiental para crianças e atrações musicais.

O ambientalista Sérgio Ricardo cobra ainda uma agenda de políticas públicas para as baías fluminense, com prioridade para o saneamento. “A saúde das baías urbanas é extremamente crítica: a intensa poluição das águas por esgoto e lixo, associados à contaminação por poluentes industriais, presentes na água e nos sedimentos de fundo, não deixam dúvida de que há sério desequilíbrio ambiental que vem, gradativamente, impactando a pesca e ameaçando a biodiversidade e pode gerar um colapso no turismo.”

O governo do Rio de Janeiro não esclareceu sobre a elaboração gerenciamento costeiro, que engloba ações em todo o estado. Sobre o zoneamento ecológico e econômico, que dispõe sobre todo o tipo de empreendimentos no litoral, a Secretaria de Estado do Ambiente disse que a previsão é que até março a minuta do decreto seja apresentada à sociedade.

Edição: Talita Cavalcante
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