O prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, disse que até o final do ano, a cidade vai contar com drones para dar apoio a ações em comunidades, especialmente as que vão sofrer intervenção da polícia. Segundo ele, a ação é resultado da viagem que fez ao exterior, durante o carnaval, em busca de tecnologia para o município.
“Eu tenho centenas de câmeras no COR [Centro de Operações Rio], mas não tenho nas comunidades carentes. Quero colocar imagens dessas comunidades, sobretudo as que vão sofrer intervenção da polícia, no COR. Quero que essas ações tenham inteligência. A única maneira que eu tenho para isso é com drone. Helicópteros não voam mais. Já derrubaram dois e a hora [de voo] é muito cara”, disse Crivella nesta segunda-feira (19), durante visita de inspeção ao trecho da ciclovia Tim Maia, em São Conrado, que desabou na semana passada.
Segundo ele, já nas próximas semanas chegarão técnicos de uma fábrica europeia de drones para fazer os primeiros testes. Crivella contou que o objetivo de sua viagem à Europa, durante os dias de carnaval, foi justamente conhecer melhor esta tecnologia e também saber se poderia utilizar imagens de satélites em momentos de crise no Rio.
“Já recebi as propostas dos primeiros drones que poderão ser fornecidos ao Rio de Janeiro. Mas eu não quero só comprar drones. Eu gostaria que eles fabricassem esses drones aqui. Por isso fui à Suécia. Lá existe uma cidade onde está sendo fabricado o [avião de caça] Gripen, onde a Embraer tem engenheiros brasileiros estudando o novo avião da Aeronáutica. A minha ideia é que esses drones venham para o Rio com transferência de tecnologia”, contou Crivella.
Ele informou que existem duas alternativas de drones para sobrevoar o Rio de Janeiro. Um deles é mais complexo e mais caro e o aparelho pode operar, inclusive, em ambientes de guerra. A outra opção é mais simples e barata.
“Esses drones que eu fui visitar [locais de fabricação] foram utilizados inclusive na guerra do Afeganistão. É a única maneira de você vigiar territórios inimigos. Territórios ocupados que você não tem hoje soberania nacional. Hoje é difícil, em uma comunidade carente, saber o que está por trás do muro, o movimento da escola, do campo de futebol, das pessoas que estão subindo ou descendo”, esclareceu.
Segundo ele, já há duas propostas iniciais, mas os valores ainda podem ser reduzidos. “Os grandes custam um milhão e meio de euros, mas estou negociando para ser menos. Quero também que haja transferência de tecnologia. E os menores, cerca de 90 mil euros para dez equipamentos, que eles primeiro vão vir aqui e testar, junto conosco, para garantir a efetividade”, disse Crivella, sem detalhar se os valores são por equipamento ou pelo para cada drone ou por conjunto.
Viagem polêmica
Referente às críticas que sofreu por ter se afastado da cidade durante o carnaval e logo após, quando ocorreu uma grande tempestade que alagou vários bairros e deixou quatro mortos, o prefeito foi contundente e frisou que sempre esteve conectado com os demais secretários via internet, dando as ordens necessárias.
“O fato é o seguinte: o prefeito não está lavando as mãos, não está virando as costas. Para mim teria sido muito mais fácil ficar no Rio de Janeiro, com minha família, aproveitando horas de folga. Foram viagens cansativas, dormi sentado horas e horas. Fui lá em respeito à população do Rio de Janeiro, a essas crianças que estão morrendo em banhos de sangue nas comunidades carentes. Não fui virando as costas à minha cidade. Levei o presidente do COR, tínhamos um computador ao nosso lado e passamos todas as ações de emergência na hora da tempestade”, frisou.
Quanto a ação do Ministério Público (MP) que questiona justamente essas viagens, o prefeito subiu o tom ao declarar: “Eu fui, no feriado, à serviço do Rio de Janeiro. Não era oficial, mas era à serviço da cidade. Fui sem ganhar hora-extra, com imenso sacrifício pessoal. Eu não fui à festa do guardanapo”, disse ao se referir ao episódio que ficou conhecido como Farra dos Guardanapos, quando, em setembro de 2009, o então governador Sérgio Cabral e seus assessores jantavam em Paris com empresários brasileiros e franceses.
Edição: Denise Griesinger